Se você me acompanha, provavelmente já viu o termo “big data” espalhado em algum conteúdo meu. Com o passar do tempo, a tecnologia tem sido empregada com muita força para conseguir mapear sentimentos e comportamentos do público, transformando essas informações em estratégia para marketing e até a composição de músicas.
Hoje é possível sabermos o que uma determinada audiência gosta, sonha, sente e alinharmos essas informações à criação de um produto. É assim que a indústria automobilística lança anualmente novos modelos de carros, é assim que marcas de alimentos lançam novas linhas de produtos e é assim que a indústria da música lança hits, sabia?
O conceito é mais do que uma realidade lá fora e no Brasil, tem ganhado mais e mais força. O produtor Dudu Borges por exemplo, se uniu à gigante do segmento Oracle para usar o Big Data na composição de músicas de sucesso.
Escrevi essa breve introdução para dizer que a plataforma de Big Data Next Big Sound divulgou resultados de uma pesquisa baseada nas reações de públicos distintos à músicas que se tornaram hits. A ferramenta conseguiu enxergar padrões consistentes nas reações desses públicos que se repetiam em todos os grandes hits nas duas últimas décadas.
Com base nisso, a tecnologia construiu a “anatomia básica de um hit”, ou seja, 3 pontos visivelmente obrigatórios em todas as músicas que se tornaram um fenômeno de popularidade nos últimos 20 anos no mundo.
Veja o que, segundo a tecnologia, pode construir uma música de sucesso:
1 – Letras Românticas e Festivas
Quando o assunto é letra, a esmagadora maioria dos hits são direcionados ao romantismo e/ou festividade. O mais interessante é que esses hits explodem no verão.
Em geral, hits tendem a se afastar de temas políticos, evitam conflitos com linhas de pensamento.
2 – Gênero Musical
Um hit tem grandes chances de ser uma música pop, porém, mais e mais o pop se funde a muitos gêneros. Porém, existem gêneros que saltaram aos olhos nessa pesquisa.
3 – Repetições e repetições
Outra característica de um hit é a chegada rápida ao refrão e sua repetição ao longo de toda a música. E quando se fala em repetição, não se atém apenas à letras, mas, a elementos musicais.
Riffs, harmonias, não importa, quanto mais repetições os elementos de uma música possuem, maiores as chances de memorização. Sem falar claro, no tempo de duração que precisa ser curto.
Não me cabe julgar a qualidade musical de um trabalho que pode ser criado baseado apenas em informações de um público(até porque, o que é ruim para mim poder ser maravilhoso para outra pessoa e vice versa). Porém, ter em mãos dados de reações de um determinado público é poderoso.
Saber usar e interpretar essas informações com criatividade é o grande desafio.
Entendo a ideia Vinícius e também o fato de que, como vc falou, devemos aliar tudo isso à criatividade. Mas o que vemos, infelizmente, é que a forma como esse tipo de recurso tem sido utilizado dispensa completamente a parte da criatividade e tem sido feita sem nenhum critério, porque o foco é simplesmente o dinheiro. As muitas e muitas duplas milionárias de “Zés Ninguém” que podemos ver hoje deixa isso muito claro. Na minha opinião, quanto mais “Big Data”, mais pobre a música é, porque não se faz música para vender, se faz para se expressar e se realizar. Ou deveria.
Excelente comentário. Ao começar a ler a matéria já pensei nisso. Música é expressão artística e o retorno financeiro é consequência desta. Pensar em vender antes de compor é o que mantém a qualidade medíocre de muitas músicas atuais.
Obrigado pelas dicas e posts Vinícius. Você escreve muito bem e com objetividade. Parabéns!
Parabéns pelo qualidade do material.